sábado, 22 de novembro de 2014

Paul McCartney e a “beatlemania” dos anos 60. Show em Brasília



A década de 1960, embora já distante cinquenta anos, ainda é muito lembrada pela minha geração nascida no pós-guerra. Foi no ano de 1964 que explodiu a revolução militar, que de revolução não tinha nada, pois foi um golpe de alguns militares ressentidos desde a posse de Getúlio Vargas que acabou dando cabo à sua vida em agosto de 1954. A ditadura iniciada em 1964 durou duas décadas com país sendo governado com mão de ferro e as liberdades dos cidadãos cerceadas de todas as formas. Foi nesse cenário de repressão que surgiu no mundo a “beatlemania”, verdadeira onda de fanatismo em torno da banda britânica The Beatles, composta por quatro garotos de Liverpool. Nela se destacavam os guitarristas e vocalistas Paul McCartney e John Lennon, excelentes compositores e autores da maioria das gravações dos Beatles.

Mania mundial desde 1963, os Beatles tiveram, inicialmente, dificultada sua divulgação aqui no Brasil governado pelos militares. Seus discos e propaganda na imprensa, rádios e TV só começaram a aparecer em 1966 quando já tinham percorrido o mundo inteiro. Lógico que algumas rádios tinham seus lançamentos e tocavam suas músicas, mas predominavam os estilos Bossa Nova, MPB e a Jovem Guarda. Neste movimento da Jovem Guarda, embora a maioria de seus artistas só cantassem composições brasileiras, alguns se aventuravam a gravar versões de rock and roll americano e dos ingleses The Beatles.

Mas, e os Beatles? A primeira vez que ouvi falar deles foi por meio de uma carta de uma amiga-correspondente da Dinamarca. Sim, no início dos anos 60 os alunos que gostavam da língua inglesa eram estimulados a manter correspondências, nesse idioma, com “amigos-correspondentes” de outros países. Enviei meus dados pessoais e eis que no dia 30 de abril de 1963 recebi a primeira cartinha, de uma loirinha dinamarquesa de apenas 16 anos, com foto em sua bicicleta em frente à sua casa na cidade de Aalborg. Falava, dentre outros assuntos, do sucesso musical de uma banda britânica, The Beatles e indicava algumas músicas de sucesso na Europa. Interessante foi que ela os desenhou, destacando as longas cabeleiras que usavam. Seu entusiasmo de adolescente era perceptível pela longa explanação sobre eles. Não entendi muito bem sobre a recente história daquele conjunto de cantores de rock, pois nem eram tocados em nossas rádios. Mas, aquela primeira carta vinda do exterior em um envelope próprio para porte aéreo, com bordas barradas em vermelho e branco (os envelopes nacionais tinham as bordas com barras em verde e amarelo), marcou muito o garoto, pois naquele exato dia em que recebera das mãos do carteiro estava de luto profundo, preparando-se para os funerais de sua querida mãe que partira prematuramente aos 49 anos de idade. Naquele mais triste dia da vida do garoto, os Beatles apareceram pela primeira vez, ainda que sem conhecer uma única música deles.

A partir de então o interesse em ouvir e ler sobre o quarteto britânico de Liverpool aumentou. Ouvir notícias deles pela BBC e praticar o inglês tentando entender as letras de suas canções era o hobby preferido. Algum tempo depois começaram a surgir suas músicas e muitas versões interpretadas pela turma da Jovem Guarda, os chamados de Reis do iê iê iê.  Renato e seus Blue Caps, por exemplo, as interpretavam maravilhosamente bem e em 1966 assistimos um de seus shows, em Uberaba, durante a Expo-Zebu que os alunos de agronomia da velha Esal/Ufla participavam anualmente. Ali vibramos com as icônicas “Menina Linda” (I shoud have known better) e “O meu primeiro amor” (You gonna loose that girl). Foi um verdadeiro êxtase para toda a turma de estudantes e para muitos, o primeiro show ao vivo com o famoso conjunto de Renato e que teve a participação de Wanderléia, também integrante do movimento da Jovem Guarda.

Mas, a paixão pelos Beatles e em especial Paul McCartney, o vocalista destaque da banda, intensificou-se em 1968. Morando sozinho em Belo Horizonte, o jovem recém formado dedicava boa parte do tempo a colecionar as músicas dos Beatles. Ano de ouro do conjunto de Liverpool, com vários álbuns já lançados e que se mantinham nas paradas de sucesso com várias músicas como Penny Lane, o maior sucesso no Brasil, Help, Hello goodbye, Ob-la di, ob-la da, Hey Jude, Ticket to ride e Yesterday dentre tantas e tantas que ouvia nos fins de semana e no intervalo do almoço. Naquele ano parecia que só existiam os Beatles e a turma da Jovem Guarda, para o deleite do garoto solitário em BH. 

Bem, e agora... 51 anos depois de recebida a cartinha que veio da Dinamarca, contando os primeiros sucessos do quarteto de Liverpool..., e mais o ano de 1968, marcante em BH, cheio de “beatlemania”, eis que chega a Brasília Sir Paul MacCartney para seu show “Out There”... . 

No way, I´ll be there, tomorrow, november 23, 2014. Não dá para perder!

Brasília, 22 de novembro de 2014

Paulo das Lavras  

                                         Paul McCartney estava sempre em destaque nas fotos oficiais



                                      


                                                   Show da temporada-2014 no Brasil 





                        A belíssima arena do Estádio Nacional de Brasília, onde se dará o show
                                                 Foto de João Campello  



 
  Tickets in hands at the first day… Two "boys" very happy.
  They´ll be there, close to the stage... just to remember
  the 60´s...So..is the lifetime.



                                        Paul McCartney passeando no Parque da Cidade, nesta tarde de sábado 22/11/14