domingo, 10 de março de 2024

Mineiro compra bondes..., diziam os cariocas! Doidice?

 

Viver é ter histórias para contar... e não é, nem nunca foi sinal de doidice. Tenho muitas história para contar e hoje é sobre BH, a capital dos mineiros. À uma linda crônica, sobre bondes e troleibus de BH, escrita por uma amiga, como a nos provocar a viajar continuadamente pela memória afetiva, respondo com outra crônica. Só  agora descobri por que essa amiga diz gostar de minhas crônicas... Simples, ela tem o vício de  gostar de escrever e muito bem, os causos da infância e juventude. Assim também sou e há até quem me chame de doido, vidrado no passado. Encantado, apaixonado diria eu, por aquele venturoso tempo e lugar de nossa vida. E por quê? Ora, simples assim... há algo melhor do que a infância e juventude bem vividas, cercadas de carinho e amor dos entes queridos, professores e amigos?  E os lugares? Ah, quanta coisa eles nos dizem! Os especialistas dizem que nossa mente é mestra em guardar os doces afetos de nossa vida. Até mesmo a demolição de um antigo casarão nos incomoda e olhe que ele nem nos pertencia, mas o simples passar por ele e admirá-lo todos os dias já nos criava o sentimento de “pertencimento”. Assim foram os bondes e os troleibus de BH, cidade que passei a frequentar desde os ano de 1963 e depois, cinco anos mais tarde, lá morei e trabalhei cuidando dos parques e jardins da bela capital dos mineiros, cercada de montanhas.

 

Doidos, os cronistas? Não no sentido estrito da palavra, lógico que não! Mas, talvez um “doido normal”. Mais adiante explico o que vem a ser o tal doido normal. Aliás, seria doidice, por exemplo, estar no meio de uma ação empolgante, pura e inesperada novidade, totalmente diferente de tudo e, portanto, supostamente interessantíssima e..., de repente, ouvir ou ver algo que dispara o gatilho do subconsciente, trazendo à tona as reminiscências da infância relacionadas ao tal evento atual? Foi o que aconteceu a bordo de uma BMW, a 200km/h no circuito de Hockenheim, na Alemanha.  Que aventura espetacular e já contei isto em crônica. O amigo ao volante, entusiasmado, ficou sem entender a cara de borocoxô deste menino que, em vez de se deliciar com o possante ronco da máquina, a velocidade e as curvas, onde Airton Sena sagrou-se campeão por várias vezes, ficou a contemplar, mudo, a Floresta Negra, por onde serpenteava o famoso circuito de corridas de Fórmula-1. Tampouco outro companheiro naquela empolgante aventura, o então Diretor da Esal/Ufla, prof. Juventino Julio de Souza sequer entendeu aquele torpor, mutismo do menino, com olhar fixo a comtemplar, pela janela do carro em altíssima velocidade, a tal floresta e não as curvas, o ronco da possante máquina e seu painel a mostrar o conta-giros e a velocidade estonteante. Também pudera, pois era ali, naquela temida floresta, que se passavam os contos infantis com feras aterrorizantes e bruxas malvadas. Surpreso com a Floresta Negra, o menino travou, pois o gatilho do subconsciente destravou as memórias da infância... e, agora, estava bem ali, perdido no meio da floresta.  Doidice, deixar de sentir o impulso do bólido, aquele carrão numa das mais famosas pistas de corrida do mundo, trocando tudo aquilo pelo simples devaneio infantil? Não, não se pode tachar isto de doidice. É normal para mentes fervilhantes, inquietas. Apenas isto, dizem os experts! Se for doidice deve ser daquela definida por Ariano Suassuna que disse:

 

“Tenho simpatia por gente doida. Como eu sou do ramo, identifico os doidos logo”.

 

E sabe que doidice é esta a qual ele se referia? O gosto pelas letras, as crônicas vivas. Até concordo que viver é ter histórias para contar e quando as primeiras histórias de nossa vida se encontram com outras do momento..., ah, então é o êxtase da vida e achar que isto é “doidice”...  Eu acho  que, em sendo assim,  nem me importo mais de ser chamado de doido... rsrs, pois é sabido que os cronistas falam com o coração, desnudam a alma. Doido normal!

 

Quer ver? Ao falar de bondes, troleibus e ruas calçadas com pontiagudos pés-de moleque, a amiga cronista de BH mexeu com meu subconsciente. Na hora, dispararam os gatilhos neurais mostrando-me a rua Padre Rolim, por onde eu passava diariamente a pé ou de carro, tropicando ou segurando o volante que tremia como vara verde ao vento, pois não existia direção hidráulica nos jipes e Rural-Wyllis. E mais, vieram à mente, com nitidez incrível, e não é doidice, não..., os postes de ferro no meio da rua, literalmente. Sim no exato meio da rua a dividir as duas mãos da via. Certo dia esbarrei o retrovisor lateral num deles... rsrs... e retirei rapidamente o cotovelo que estava apoiado na janela, embora se tivesse de ser atingido teria acontecido porque a reação foi tardia. Ler uma crônica gostosa de se ler, fluida e com coerência natural, onde a velocidade do pensamento  voa, interrompe a leitura e mergulha no deleite de suas próprias memórias para,  só então, retornar ao fio da leitura e prosseguir na descoberta de todo o enredo da trama, do texto propriamente dito, é por demais sublime. É pura saudade e a saudade o que é? Nada mais do que o amor que fica. É vida e vida é ter histórias para contar.

 

Não cheguei a alcançar os bondes em BH, mas sim os troleibus que me levavam ao alto do bairro da Serra, subindo infinitamente a Rua do Ouro até o Convento dos freis Dominicanos, onde passei uma semana em retiro espiritual, lá pelo ano de  1963,  menino ainda... E como gostava do baita troleibus amarelo abóbora, silencioso e ao final da linha o trocador descia, puxava a corda do braço metálico que corria em contato com o cabo aéreo energizado, e o ônibus grandão despencava de marcha à ré, morro abaixo e curvava na esquina que contornava o prédio do Convento Dominicano, virando sua frente para descer a rua, de volta ao centro, cujo ponto inicial era na avenida Afonso Pena bem perto da Prefeitura, defronte o Parque Municipal. Ah... e as reminiscências da rua do Ouro, subindo-a no troleibus até o Convento dos Dominicanos? Lembrei-me até mesmo da sede dos Dominicanos na Rua Cayubi, no bairro Jabaquara, em São Paulo, onde também me hospedara em retiros religiosos. Poucos anos depois, em 1969, agentes da repressão política executaram a tiros, em emboscada na rua,  o guerrilheiro Carlos Marighella, que fora se encontrar com religiosos dominicanos daquele convento. Mas , voltando a BH, daquele convento do alto do bairro da Serra, partimos num grupo para escalar a Serra do Curral e dobrá-la, pelas trilhas da mata do Jambreiro em direção à Nova Lima e sua mina de ouro Morro Velho. Mas esta é outra história... perdidos na mata sob chuva e molhados dos pés à cabeça.

 

Viajei de volta no tempo e espaço, ou melhor revisitei e passeei com a crônica da amiga de BH pelas ruas, bairros e praças da cidade. Pampulha, Floresta, o Coração Eucarístico rua Pernambuco, Cláudio Manoel... e muitas outras não citadas. De troleibus ou de jeep, o Pafúncio ou ainda na Rural Willys, apelidada de Raimunda, eu percorria todos aqueles espaços em jornadas diárias, cuidando ou não dos parques e jardins da nossa Belacap.  Seu bonitos jardins me encantavam com lindos canteiros de coloridos emerocalis, resedás, quaresmeiras roxas e tantas outras flores como a cana indica vermelha ou amarela, com enormes canteiros na praça Afonso Arinos, em frente ao Hotel D´El Rey, o mais chic e sofisticado de BH. Ah que saudade... (opps..., vou ficar calado, senão me chamam de doido vidrado no passado...  rsrs)

 

Iiihhh..., não dá para calar, não. Como deixar de também me lembrar e falar do Corpo de Bombeiros, citado pela amiga cronista? Me lembro do seu quartel central ali na rua Pi-hum-i, quase esquina com a Av. do Contorno e num instante, logo abaixo a Savassi, que tinha por perto a sorveteria do Sr Domingos que, nos domingos (sem trocadilho), formavam-se filas e filas de carros aguardando parar em frente e comprar o sorvete. E os bondes? História à parte.

 

Foi mencionado, ainda, na gostosa crônica belorizontina, a capina das ruas com o inconfundível barulho dos martelinhos. Vou acrescentar um detalhe. Sabe como eram chamados aqueles trabalhadores da capina dos matinhos entre as pedras do calçamento pé-de-moleque? Convivi com eles na minha atividade de paisagismo em toda a cidade de BH e na Prefeitura. Eram chamados de “ferrinhos” e era a mais baixa classificação dos funcionários municipais. Era a maior alegria entre eles quando alguém era promovido a gari, ou para outras atividades na sede da prefeitura. Eles entravam pela porta dos fundos, na rua Goiaz e não pela principal na Avenida Afonso Pena. Trabalhavam de sol a sol ou sob chuva, ajoelhados sobre pedras pontiagudas. Morria de dó, parecia tortura e muitas eram mulheres.

 

Mas, vamos lá, finalizemos com os bondes de BH. Eram azuis e segundo o texto,  serviam de deboche dos cariocas sobre nós, mineiros: “Mineiro compra bonde, diziam”. Mas, vou aqui dizer uma verdade. Minha cidade, Lavras, comprou bondes uma única vez. Vieram de Hamburg, na Alemanha, no ano de 1911. A inauguração dos serviços de bondes em Lavras, deu-se no dia 21/10/1911. Depois disso não compramos mais, pois ganhamos dois, de Belo Horizonte, bonitos, na cor azul. 

O bonde azul doado pela Prefeitura de BH à cidade de Lavras em 1963 
Foto: Donald Nevin – Coleção Renato Libeck 

O prefeito Jorge Carone fez doações à Lavras, daqueles tais azulzinhos e em 20/07/1963 foi reiniciado o serviço de bondes, que se encerrou definitivamente em  08/11/1967,  quarenta dias antes de minha formatura na ESAL.  A chegada dos dois bondes azuis foi festejada em praça pública e nas ruas, por onde desfilaram sobre carretas que os trouxeram de BH.


Durante 57 anos os bondes rodaram da Estação da EFOM até o início da Rua Otacílio Negrão. Na subida íngreme do Gammon, os moleques colocavam areia sobre os trilhos para verem as rodas de ferro patinarem. Voavam fagulhas sobre os trilhos e o bichão não saía do lugar. Marcha a ré e vassouras resolviam, sob impropérios por parte do motorneiro e do trocador. Nessa hora não se via um moleque por perto. Todos os arteiros estavam escondidos a olharem de longe...

 

     

 

 

 

Por falar em peripécias, este menino das Lavras levou um tombo espetacular ao tentar fugir do cobrador. Andar nos estribos e driblar o cobrador era o esporte preferido dos garotos de então. Ninguém os pegavam, e nessa desabalada fuga do cobrador, levei um tombo ao saltar com o bonde em movimento, bem ali, quase chegando à Igreja do Rosário, hoje Praça João Oscar de Pádua. Caí de costas no paralelepípedo e a as pessoas que estavam no antigo Banco de Crédito Real, bem em frente, acorreram em meu socorro. Não tive um sequer arranhão e o menino de uns 13 anos, levantou-se e ainda correu para pegar novamente o bonde que já estava na parada em frente ao Sobrado do Capitão Evaristo, hoje Banco do Brasil... 


 Andar nos estribos era o esporte preferido, mas, já em  1964, o menino escaldado do tombo acontecido neste exato local da foto, e já mais adulto e estudante da faculdade de Agronomia, preferiu não mais disputar e arriscar-se nos estribos. Nesta foto, aparece à janela da frente do bonde azul, chamado em Lavras de bonde do Carone. 
Foto: acervo Renato Libeck 


Bons tempos, aqueles do final dos anos 50 e início dos 60. Muita adrenalina.... fugir dos trocadores Gerson, Tarzan e do Cirilo, motorneiro que às vezes batia na gente com aquela corda de puxar o arco que encostava na rede elétrica aérea e recebia a energia que movimentava o bonde.  Sim, nos agarrávamos ao enorme farol que ficava na parte da frente do bonde , alvo fácil para uma sova de corda, ainda que leve, pois imagino que o Cirilo tinha medo de que os meninos caíssem e se machucassem, pois todos nós éramos conhecidos e eles, cobradores e motorneiros, conheciam nossos pais. Hoje, imagino que eles até achavam graça das peripécias dos meninos e nem tinham interesse em arrecadar mais alguns trocados que poderiam retirar dos meninos. Bastava eles olharem nossa cara e era como se ali estivesse escrito: “você não me pega e nem vou pagar a passagem”... rsrs

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Então..., restou claro que NÃO COMPRAMOS !...  Mineiros lavrenses não compramos bondes, ganhamos!  Mas, para os cariocas eu dei um baita troco. Sem essa de tirar sarro nos mineiros. Cansado de ser gozado por ir à praia e na primeira vez supostamente experimentar o gosto da água salgada (... foi verdade comigo, mas, nego para todo mundo...rsrs), eu dei o troco, com jogo bruto. Certa vez, no aeroporto do Galeão, novinho, recém-inaugurado no ano de 1977, encontrei na sala de espera, com voo atrasado em mais de duas horas, um grupo de mais de 30 caçadores/pescadores esportivos. Viajariam no mesmo voo até Brasília e daqui um ônibus especial estaria esperando-os para seguirem rumo ao Mato Grosso.

 

Mancomunado com uma dos membros do grupo de, combinamos pregar uma peça neles todos. Passei-me por “Fiscal do Ibama”, de terno e gravata, laptop na pasta, anunciei que a pesca deles estava cancelada, pois havia acontecido pela manhã um desastre ecológico na região e foi proibida a caça/pesca. Quem quisesse seguir viagem poderia, mas as tralhas de caça e pesca seriam retiradas do porão do avião e depositadas na delegacia do próprio aeroporto. Formou-se o caos. Mas, só para se ter ideia do pânico dos cariocas, alguns mais espertos, haviam embarcado as “amigas” acompanhantes  secretas num voo anterior, justamente para não haver problemas e despistar parentes que se aventurassem segui-los até o aeroporto... Bem espertos... e tudo isso me foi contado pelo comparsa que aliciei entre eles. Mas essa é outra história já contada e vou postar aqui o link, novamente.

 

Adorei o conto da amiga cronista das alterosas, e por ela, viajei muito contente pela nossa capital mineira, onde trabalhei o ano inteiro de 1968. Parabéns, continue escrevendo. A escrita é a melhor terapia. Costumo dizer que escrevo para mim mesmo e as vezes releio a mesma crônica zilhões de vezes... rsrs e sempre gosto e me divirto, pois são casos reais. Quero dizer, a gente escreve com o coração e ele não falha, disse o príncipe dos poetas Guilherme de Almeida. Além disso, a aqueles que acham que somos doidos, por escrever crônicas saudosas, costumo classificá-los de bobos. Não sabem que saudade é o amor que fica na gente! Continuemos, pois a escrever, a desnudar a alma em completa terapia. Sobre BH tenho ainda muitos casos engraçados a contar. Quanto ao espetacular trôco que dei aos cariocas, o link está indicado ao final.

 

Um abraço.

 

Brasília, 10 de março de 2024

 

Paulo das Lavras 



  
Antiga estação dos bondes, demolida em 1940. No local construiu-se a sede do Banco de Crédito Real. Ao fundo da foto aparece parte da Igreja do Rosário. O menino caiu do bonde nesse trecho, na esquina da Rua Getúlio Vargas. 
Foto: acervo Renato Libeck  


 Stanislaw Polonoiske - Técnico russo em eletricidade e mecânica. Veio da Alemanha 
para implantar a linha de bondes em Lavras - MG. Destaque para a moto FN - Belga. 
Foto: acervo Renato Libeck 


Vista da janela do bonde doado à Lavras pela Prefeitura de BH. Rua Francisco Sales,

em frente à janela do casarão  do Sr Quinca Guimarães.  Logo abaixo a casa do Sr João Arbex

e o sobrado dos  Estabelecimentos Záckia, na esquina com Rua Chagas Dória

Foto: Donald Nevim - Acervo  Renato Libeck 



 

O antigo bonde de Lavras, comprado em Hamburg na Alemanha 



 
Descarrilhado, morro abaixo..., às 6:45hs de um dia do ano de 1958. 
Foto: Coleção Museu de Lavras


A última viagem – nov 1967. À janela o motorneiro Cirilo.

 O prefeito Maurício Ornellas de Souza, temendo uma reação negativa e protestos estudantis, foi à Esal/Ufla explicar aos estudantes os motivos do encerramentos do serviço de bondes na cidade de Lavras. Um mês depois foi a minha formatura na faculdade. Saudades!

Foto: Acervo  Renato Libeck



 

Um antigo bonde em BH, esquina da Rua da Bahia com Timbiras .

Foto: internet



 

Troleibus de BH, estacionados na Praça da Estação, com o Hotel Itatiaia à direita.

Cor abóbora, inconfundível, grandões, mas silenciosos. Note que os braços metálicos, que corriam deslizando nos cabos aéreos de eletricidade, estão abaixados sobre o teto na parte traseira

Foto: Internet- Earl Clark



 

Adultos têm surtos de saudades dos tempos passados (mas não é doidice, não...rsrs), Não pude comprar um troleibus  cor de abóbora, como os de BH, tampouco um bonde (Deus me livre da gozação dos cariocas), mas comprei um Jeep antigo, igualzinho ao Pafúncio, com o qual rodava BH inteirinha, cuidando de parques e jardins, levando algum adubo ou mudas de plantas ornamentais. Hoje todo com os netos fazendo trilhas pelo cerrado do Planalto Central

 

P.S. Para quem se interessar, aí está o link da crônica, onde narro o troco que dei aos cariocas, gozadores dos mineiros, ameaçando-os de cancelar a pescaria e deixar as acompanhantes a “verem navios”, na espera em Brasília:

https://contosdaslavras.blogspot.com/2013/07/troco-aos-cariocas.html





 







 





 


 

 



quinta-feira, 7 de março de 2024

Mulher – por que defendê-la ?

             Voei centenas de vezes na rota Brasília/Rio/Brasília e BHZ/SÃO/BHZ, a bordo de todo tipo de aeronave comercial, o Electra, Viscount, Samurai, One-Eleven, Boeing, Airbus, Caravelle, o primeiro jato comercial, francês, das linhas aéreas Varig e Cruzeiro e muitos outros aviões executivos da Força Aérea Brasileira – FAB como seus Lear-Jet e o mais disputado pelos ministros, aos quais acompanhava em viagens de serviço, o HS-125, jatinho executivo inglês, amplo e superconfortável. Além desses, muitas outras viagens foram feitas em aviões menores como o Bandeirante, Xingu e o Brasília, fabricados no Brasil pela Embraer, como também seus modernos jatos ERJ-145, 170 e 190.  Eram tantas as viagens que acabei memorizando a rota, cujas cidades e acidentes geográficos como as cadeias montanhosas, rios, matas, ferrovias e rodovias eram facilmente identificados pela janela do avião. Quando se abriam os portões de acesso à pista de embarque eu era o primeiro da fila (mineiro não perde o trem, dizem...) e corria a escolher um lugar privilegiado, à frente e com ampla visão, livre dos estorvos das turbinas ou das fuselagens das enormes asas. Era assim mesmo, pois não havia lugares marcados e nem as rampas telescópicas para o embarque diretamente à porta da aeronave.  Aboletado nos melhores lugares, desfrutávamos de ampla visão, identificando cada local no chão a 10 mil metros de altura e ainda cronometrando o tempo de voo para se chegar a cada ponto marcado. Assim, exatos 50 minutos após a decolagem de Brasília, lá estava a cidade natal de Lavras, com seu inconfundível cenário, de um lado o Rio Grande serpenteando entre montanhas e de outro a majestosa Serra da Bocaina, paredão que emoldura a cidade pelo lado sul, tal qual a Serra do Curral embeleza a capital dos mineiros. Aos 45 minutos de voo avaliava o local sobrevoado e já me fixava nas rodovias, montanhas e cidades vizinhas, como Santo Antônio do Amparo, pequenina, mas com enorme igreja matriz e torre bem alta. Em segundos era só olhar mais à frente e à direita lá estava a terra natal e nesta, à margem da rodovia Fernão Dias a fazenda onde nasci e passava todas as férias escolares desde então. Ali, no silêncio e na solidão, a bordo das aeronaves, e com aquele saudoso cenário à vista, o menino invariavelmente mergulhava no tempo e até desejava saltar de paraquedas para chegar ao doce recanto do lar onde nascera. Foi então que comecei a entender o valor da Mulher, refletindo sobre tudo que ela representa na vida de todos nós, a começar pela geração e cuidados com as crianças, e  assim o subconsciente se deleitava com as imagens da doce infância, bem ali, a 10 mil metros abaixo. Ah... por que não um paraquedas ali, na hora e realizar o sonho da busca ao tempo perdido?

Cheguei aonde cheguei, estudava muito, venci todas as etapas com distinção, ocupei honrosas funções de trabalho, bem-sucedido no Brasil inteiro e no exterior, principalmente nos Estados Unidos e França onde desempenhei longas missões de governo, mas, nunca, nunca mesmo, me esqueci de onde vim e o papel que as mulheres desempenharam na minha formação. E ali, de dentro do avião, nas alturas, a cada vez que sobrevoava minha querida cidade natal e as fazendas onde me criei, mergulhava nos escaninhos escondidos da alma e encontrava, sempre com imensa e terna gratidão, a figura de minha mãe, brava guerreira que lutou pelos filhos. Mulher de fibra. Costumo dizer aos amigos, como a lembrá-los: Homens..., somos aquilo que as mulheres nos fizeram! E é verdade, com destaque para a mulher-mãe, em primeiro lugar. Sou grato a Deus pelas mulheres que me fizeram ser o que sou, a mulher-mãe, as irmãs, tias, avós, professoras que cuidaram da criação, formação e educação e ainda, as outras que chegaram mais tarde, no trabalho, esposa, filhas e amigas do convívio social.

A todas elas, as mulheres, sem distinção, sempre dediquei atenção e respeito, tendo como inspiração o exemplo de berço, a saga, dedicação e amor de minha saudosa mãe, que muito cedo partiu para a glória do Senhor. Mas, não só por isso, também defendo e estimulo oportunidades para que elas, as mulheres, ocupem o lugar que merecem, ou seja, onde elas quiserem. Deixo aqui o meu conselho, neste momento em que assistimos à tanta violência contra as mulheres. Respeito e admiração a elas, sempre! Nunca é demais lembrar e repetir que nós, os homens, somos aquilo que as mulheres nos fizeram. Que neste 08 de Março em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, as lembremos com carinho e afeto e nem seja preciso repetir o 08 de março de 1917, quando as mulheres russas foram à praça pública, emparedando o Czar Nicolau II, reclamar o direito ao trabalho digno, embora a luta de hoje se foque mais contra o machismo e a violência. Defendamos sempre a Mulher e não apenas nesse dia dedicado a ela.

Viva o Dia Internacional da Mulher! Parabéns a todas, pelo muito que representam em nossas vidas. Precisam ser mais valorizadas e essa é a melhor maneira de se defende-las.

 

Brasília, 07 de março de 2024

                                                  Paulo das Lavras



 
Minha mãe, com o filho caçula, Anízio. Mulher guerreira, descendente de portugueses
 da região do Porto, que chagaram ao Brasil em 1720 e se estabeleceram em Lavras em 1750.

Foto: ano 1948, aos 34 anos de idade. 



 Um jatinho perdido entre as montanhas de Lavras e S.J.Del Rei, HS 125 FAB – VU-93 -  2117 . 
 Pouso abortado em São João del Rei, em 07/05/1988. Neste jatinho executivo o menino se transformou
 em co-piloto/navegador e rumou o avião  com a proa para a cidade de Lavras. Veja esta história completa em:

https://contosdaslavras.blogspot.com/2014/04/passeando-entre-montanhas.html 



 Lavras e a majestosa Serra da Bocaina que emoldura a cidade.

 Com essa maravilhosa vista, voando num jato, a 10 mil metros de altura, também

o pensamento voa. “Vá, pensamento, vá! Voa em asas douradas, pousa sobre as encostas e colinas

 onde os ares são tépidos e macios com a doce fragrância do solo natal... Reacende em

 nosso peito a memória, fale-nos do tempo que passou...”.

Contemplar e passear por entre as montanhas de Minas é como ressuscitar a nostalgia

decantada e cantada nos versos acima, nessa maravilhosa ópera,  Nabuco – Va Pensiero,

 escrita pelo gênio Giuseppe Verdi. 

Foto: Alejandro, 2012  




 Serra do Curral, em Belo Horizonte. Impressionante as semelhanças 
dos maciços que emolduram Lavras, S. J. Del Rei e Belo Horizonte. 
As montanhas são a marca registrada das Minas Gerais.
Foto: internet

 











quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Um menino especial, o tio e a família amorosa

 

Crianças na faixa etária de 2 a 5 anos são as mais sapecas, pois estão descobrindo o mundo, adquirindo independência do colo materno e tudo querem pegar, experimentar e ter suas próprias experiências. São curiosas por natureza e aprendem explorando e manipulando tudo que encontram pela frente. Um perigo! É nessa fase que aprendem a linguagem e, o principal: desenvolvem a memória expandindo os neurônios e formando sinapses (ligações/canais). É a fase mais importante da formação de seu intelecto. Se tratada com carinho e sabedoria tem tudo para ser um adulto “inteligente” e feliz. Assim dizem os especialistas e ainda nos desafiam: Quer saber as raízes da violência? Pura e simplesmente crianças sem um lar, abandonadas, sem carinho, atenção e escola.  Este menino, memorialista de sua época não pode se queixar. Relembra hoje, com carinho, ainda que passados mais de 75 anos,  um evento marcante, um duro golpe na saúde aos dois anos de idade, quando, além da cura, houve efeito colateral benéfico, de grande importância para sua vida.

        A pleurite aguda, na criança de apenas dois anos de idade, levou o médico a dizer aos pais, ali desesperados na ante-sala , ou melhor na varanda do Hospital de Assistência à Creança (sic) e à Maternidade, hoje Hospital Vaz Monteiro, então recém-inaugurado: “... o estado de saúde do menino é gravíssimo. Se operar é possível que não resista e venha a óbito. Porém, se não o operarmos morrerá em poucas horas”. Desesperados, angustiados e aos prantos, a mãe e o pai autorizaram a grande cirurgia torácica, contava ela a todos. Ano 1947, poucos recursos na medicina, ressalva apenas para a chegada da Penicilina, santo remédio descoberto durante a 2ª Grande Guerra, Salvava tudo e foi a minha salvação. Um buraco de seis centímetros de diâmetro nas costas de onde foram removidos pedaços de três costelas. Por ali, carreguei uma enorme sonda de borracha, mais parecendo uma mangueirinha de abastecimento daqueles antigos filtros de água de beber, instalados na cozinha, próximo à pia. Foram nove meses de convalescência com aquela estrovenga presa nas costas e pela qual, além do dreno, saía o som das contrações respiratórias em grande sibilado. Não havia quem não se compadecesse e temesse pela sobrevivência do debilitados garoto. Grande problema, aquela sonda. Como conter uma criança daquela idade sem que ela própria arrancasse aquilo? Colo! Dizia a mãe e demais familiares. Contavam a todos com muita ternura que foram nove meses na barriga e mais tarde  outros nove meses no colo, literalmente. E foi assim que a criança foi tratada com todo carinho, cuidados e atenção em tudo. No colo o dia todo, dormia no colo e ao acordar já era recebido pela dedicada mãe. Era um tal de contar histórias, inventar brinquedos, cantar e responder a tudo que o menino indagava com sua aguçada curiosidade infantil. Incrível que ainda me lembro da figura de meu pai, comigo debruçado ao seu colo e rosto apoiado em seu ombro, a andar para lá e para cá entre a grande sala da fazenda e seu quarto e sempre a cantar a mesma canção de ninar. Sim, quase sempre a mesma, a sua preferida, embora o repertório brasileiro de cantigas de ninar seja bem vasto, com influências indígenas e africana, pois em todas as fazendas do sul de Minas havia, ainda na década de 1940/50, descendentes de escravos, as nossas amas-de-leite, babás e mais tarde , depois dos três ou quatro anos de idade, o menino-de companhia. Havia histórias e histórias e cantigas bem populares como o “dorme-nenê” que, as vezes vinham acompanhadas de certa ameaça, como naquela estrofe que dizia “se o nenê não dormir o tutu vem pegar... A história do tutu vem do folclore africano, como também a do homem que roubava crianças e as levavam no saco às costas. Esta, eu consegui descobrir sua origem, e era real, passada na África e a relatei em crônica que, na verdade será um capítulo do livro sobre a genealogia de minha família : A escravidão nos tempos da colônia: Os Salles, o trabalho escravo e ascensão social dos negros em Lavras. 

Estar no colo, acarinhado por todos, ouvir inúmeras cantigas de ninar e ter a curiosidade natural de criança estimulada com todas as respostas às perguntas, sentir-se querido e em constante contato físico do aconchegante abraço,  fez enorme diferença na formação intelectual e do caráter do menino. Criança feliz, adulto feliz dizem os especialistas. Se por um lado as história infantis remetiam as criança a um ciclo angustiante, com história aterrorizantes do lobo-mau, Joãozinho e Maria perdidos na floresta, atirei o pau no gato e tantas outras, qualquer uma dessas e outras que eram contadas ao menino, não ficavam sem perguntas. Tinha o tempo todo de atenção dos adultos que o pajeavam e assim eram obrigados a contar detalhes que o menino indagava. Isto, certamente criou-lhe o hábito de tudo perguntar e para tudo exigir resposta. Por que Joãozinho e Maria não levaram pedrinhas em vez de migalhas de pão para marcar o caminho de volta? Como alguém conseguiu tanto chocolate para construir uma casa inteira com esse produto? Como o lobo mau conseguia derrubar a casa de madeira com a ventania de seu sopro e não conseguiu correr atrás dos porquinhos e pegá-los? Minha mãe- sempre avisava aos adultos que não era fácil contar histórias para o menino falante que a tudo indagava. E as histórias comuns nas fazendas giravam quase sempre em torno de bichos espertos como o coelho, o bicho enfolharado, a onça ladina que bebia água na fonte e espreitava os demais animais, o cabrito que construía a casa num dia e folgava no outro e justo nesse dia de folga outro bicho aproveitava a “ajuda” desconhecida”...  Muitas histórias eram de origem europeia a temida Floresta Negra, era o palco da maioria delas. Certa vez, já adulto passeei numa BMW esportiva no circuito de fórmula 1, de Hockenheim, na Floresta Negra Schwarzwald, nas proximidades da histórica cidade de Heidelberg, na Alemanha e surpreso passei pelo interior daquela temida Floresta Negra , a Schwarzwald . Ah, perdi o interesse pela pista, onde Airton Sena era o rei da velocidade. Ao ver o nome do lugar e contemplar aquelas enormes árvores centenárias, disparou o gatilho do subconsciente e as imagens dos contos da infância vieram à tona. Haveria bichos de verdade por ali, as feras descritas nas historinhas infantis dos irmãos Grimm ? Foi uma sensação inenarrável, desmanchando-me em doces lembranças, com saudades da pátria, da fazenda com suas matinhas que também nos amedrontavam, riachos e o majestoso Rio Grande. Lágrimas desceram e o amigo, dono do carrão, ficou sem entender a reação do menino de 40 anos que acabara de voltar no tempo e se tornara menino novamente.

Pois bem, voltando à infância, o menino se recuperou da cirurgia em longa convalescência, ficando apenas com a lesão de pequena importância nas costelas e ligeira necrose na base pulmonar, provocada pela longa demora  no uso da sonda pulmonar. O mais importante desse período de convalescência foi a atenção e o carinho de toda a família e agregados que se revezavam com o menino no colo. Pôde desenvolver a fala, o raciocínio lógico e demais habilidades próprias da faixa etária, em proporção infinitamente maior do que em qualquer outra criança. Menino espevitado acabou se metendo em outra enrascada. Aos cinco anos, brincando com uma tesoura feriu seu próprio olho direito. De Lavras para Varginha, direto para o consultório do especialista em oftalmologia, Dr  Oswaldo Valladão. Não teve jeito, perdeu a visão do olho direito. Aos 30 anos, já em Brasília, para onde havia se transferido, procurou uma das melhores clínicas oftalmológicas e disse ao médico: quero um implante ou transplante de retina, não importa o que seja, para voltar a enxergar de novo com esse olho cego. O médico gargalhou com ironia (era meu amigo e vizinho) e disse: meu caro professor, nem um olho biônico o fará  enxergar! Seu cérebro não criou trilhas de luz para formar imagens. Você não tem os circuitos neurológicos pois nunca entrou luz pela sua retina, cuja cicatriz do acidente fechou a  lente natural. Agora, cego é o seu cérebro, desprovido das sinapses neurais, pois a retina nunca desenvolveu as células fotorreceptoras que transformam as ondas luminosas em impulsos eletroquímicos. Esses impulsos seriam levados ao cérebro que os decodificam em imagens. Triste, lamentei os poucos recursos da ciência naquele ano de 1950. Hoje já está tudo mudado e os avanços são notáveis e esse pequeno acidente doméstico poderia ser tratado e salvo a visão.

Os cuidados da família com o menino foram intensos, com muita dedicação. Uma delicada cirurgia aos 2 anos e agora, aos cinco, cego de um olho. Havia um tio, Pedro Resende Botelho, casado com a minha tia verdadeira, que muito se preocupava e tinha especial zelo para com o franzino menino, que passou muito tempo no colo, literalmente e ainda perdeu a visão de um dos olhos. O menino nem sabia desse cuidado e foi tomado de profunda emoção quando, cinco anos atrás, ou seja, 70 anos depois, soube  pelo primo homônimo de seu pai, Pedro Resende Filho, que contou pelas redes sociais, que seu pai lhes passava expressa recomendação de “não brigarem” com o menino que era mais fraquinho e não enxergava de um olho. Surpreso, setenta anos depois, entendi que havia um código de toda a família de ambos os lados de meus pais, que ninguém poderia “agredir” o menino. Verdadeiro código de amor, que era praticado desde então por meus pais que se dedicaram ao máximo para salvar o menino renascido da cirurgia e vítima de acidente ocular. Só então, depois daquela revelação do primo, que tinha vários irmãos, companheiros de brincadeiras na infância, compreendi gestos do tio que até então me passavam despercebidos. Tio Pedro dedicava especial atenção ao menino, gostava de ver seus boletins escolares e elogiava o desempenho no colégio. Admirava-se ao vê-lo frequentando cursinho pré-vestibular, quando ainda cursava o 2º ano do colegial, aos 16 anos. Não bastasse essa atenção, depositava, ainda, extrema confiança: emprestava sua linda Vemaguete DKVVemag, para o menino recém habilitado motorista. Carrão da época, novinho, que sequer emprestava aos filhos. O Paulinho pode, dizia ele, pois era menino estudioso, comportado... rsrs. Puro amor que somente agora percebi, ou melhor fui informado pelo filho. Pena que não pude dizer a ele, o tio, diretamente, o quanto sou grato por essa amor gratuito, afeto espontâneo, próprio de quem tem um grande coração. Em 1968, quando o menino já trabalhava na profissão da Agronomia - Parques e Jardins, em Belo Horizonte, ele foi me visitar, orgulhoso por ver o sobrinho bem encaminhado. Poucos anos depois faleceu prematuramente, com insidioso mal pulmonar que lhe exigia o constante uso de uma bomba de oxigênio. Há pessoas que passam pela nossa vida distribuindo amor, benção que Deus nos manda e que nos tornam mais leves e felizes. Se fui uma criança feliz, apesar dos percalços de saúde, carreguei comigo o amor que a família plantou em mim, desenvolvendo a memória e caráter privilegiados. Sim, fui um menino especial, amado, cuidado e educado com muito carinho. Por isso, confirmo a regra da Psicologia, descrita em todos os compêndios:

 Criança Feliz, Adulto Feliz.  Amém!

 

Brasília, 29 de fevereiro de 2024

                                                      Paulo das Lavras



 O menino aos 03 anos de idade, já recuperado da grande cirurgia torácica


 
 Os pais do menino, em 1948 com o filho caçula, Anízio, de um ano de idade. 
 Amorosos com menino mais velho, passaram quase um ano carregando-o 
no colo até que se recuperasse totalmente da intervenção cirúrgica


 A família do menino, cinco irmãs que muito ajudaram a “pajear”,

cuidar do menino convalescente.

Foto: acervo da família - 1956



 Tio Pedro em viagem de mudança, de Lavras para Londrina. 
Parada para pernoite e descanso de toda a família no Grande Hotel, em Caxambu – 1955.

Alguém da própria família observou que as três meninas se vestem com o mesmo figurino e isto 

era muito comum nos anos 50. Mães compravam peças de tecidos e contratavam costureiras

 em casa. Sapatos, meias e penteados, tudo igual... naquele tempo não havia moda consumista.

Foto: acervo da família Rezende 


 Gil Rezende, primo querido, na Vemaguete de seu pai, a qual 
me era emprestada para dirigir quando das férias em Lavras.

Foto: Gil Resende, final dos anos 60



 
Tio Pedro Botelho de Rezende, foi pioneiro na cidade de Londrina. Ali fundou a Cooperativa 
 de Beneficiamento de Leite. Levou todo seu rebanho leiteiro, de primeira linha, que
mantinha em Lavras, onde também tinha uma indústria de Laticínios.

Foto: acervo da família Rezende 



 A cidade de Londrina-PR o homenageou, colocando seu nome numa rua, 
cuja placa fotografei em 2013